Que bela surpresa!

Às vezes encontram-se objetos que se julgavam desaparecidos e isso torna-se numa agradável surpresa provocando uma torrente de emoções positivas. No meu caso, o objecto em questão não estava verdadeiramente desaparecido. Eu apenas pensava que o tinha vendido há uns longos anos.

No feriado do dia do trabalhador estive a fazer umas arrumações aqui numa pequena divisão da casa e, qual não foi o meu espanto, quando encontrei a minha velhinha Dreamcast!

Na minha cabeça, eu tinha vendido a consola. Era algo do qual me arrependia, mas tinha-o feito. A única coisa que tinha guardado da época em que passava as tardes a jogar Shenmue, era um teclado oficial da SEGA, que jazia abandonado numa prateleira repleta de bugigangas.

A minha velhinha Dreamcast
A minha velhinha Dreamcast

Em boa verdade, arrependo-me de ter vendido/destruído todas as minhas consolas antigas e respectivos jogos. Falo da NES que acabei por estragar quando achava que tinha capacidades para a reparar, da Mega Drive e da N64 que vendi. Era novo, precisava de financiar o meu gosto pelos videojogos e a solução era vender.

A Dreamcast, pensava eu, tinha seguido por esse caminho.

Só que não!

Numa saca negra, repleta de pó e lixo, juntamente com os cabo de ligação, dois comandos, um visual memory unit, um jump pack, caixas de jogos partidas e o Virtua Striker 2, jazia, completamente imunda, a última consola da SEGA.

Imaginem a minha alegria ao encontrar uma velhinha companheira que me proporcionou tantas e boas memórias!

Fui logo invadido por uma nostalgia maravilhosa e tratei de ver o estado da consola. Tirando os riscos e sujidade acumulada, estava com relativamente bom aspecto. Faltava apenas o modem, mas não me perguntem o que fiz com ele, porque não me lembro.

Limpei a consola, os comandos, os acessórios e os cabos e liguei-a a uma televisão para ver se funcionava. No meio de caixas partidas de Soul Calibur, Sonic Adventure 2, Jet Set Radio, o único jogo que aparentemente sobreviveu foi mesmo o Virtua Striker 2. Liguei o cabo de alimentação, o cabo RF, inseri o jogo e carreguei no botão power.

A ventoinha ligou e surgiu um menu a pedir que inserisse a data atual. Fi-lo e passei para o menu principal da consola. Incrível! Tudo parecia estar a funcionar às mil maravilhas. Só que não! A consola não conseguia ler o GD-ROM e pronto, a festa parecia que tinha acabado.

Restava ir ao menu do cartão de memória e ver os saves que por lá andavam.

Fiquei triste, mas não desisti.

E ainda bem que não o fiz, uma vez que seguindo os passos explicados neste vídeo, consegui colocar a consola a ler o Virtua Striker 2! Fantástico, diria eu! Subitamente, tinha voltado aquele barulho demasiado alto característico do leitor da Dreamcast e tudo funcionava bem.

Sei que tinha muitos jogos não originais. Na altura não ganhava o meu dinheiro e era estupidamente fácil piratear a Dreamcast. Fiquei tentado em ver se conseguia colocar um jogo pirata a rodar na consola com a mesma facilidade, mas o meu portátil não tem leitor de cd’s. Tenho um velho Pentium 4 no sótão, mas não achei que valesse a pena ir buscá-lo só para fazer a experiência.

Queria ver se os jogos tinham envelhecido bem. Foi uma altura em que a SEGA estava com a criatividade no máximo e a Dreamcast, apesar de ter durado pouco tempo, teve jogos absolutamente fantásticos. E não apenas da companhia nipónica!

Foi, sem dúvida, uma das minhas consolas favoritas! Proporcionou-me incontáveis horas de entretenimento e nem sequer ainda mencionei o facto de ter tido a minha primeira experiência online com esta consola.

Jogar Phantasy Star Online ou Quake III Arena com outras pessoas foi uma experiência brutal na altura, assim como visitar a Internet, na ultra lenta ligação de 56 kbps. Era tão surreal como viciante!

No final de tudo, achei melhor apenas restaurar o melhor que pudesse a consola e os seus acessórios, e colocá-los a “salvo” em locais devidamente protegidos do pó e agressões externas. A Dreamcast ficou no meu quarto, junto da minha Gamecube e PS2. Planeio futuramente comprar uma N64, uma NES e uma Mega Drive em bom estado para juntar a esta minha pequena colecção de memórias.

Foi uma bela tarde e uma agradável surpresa. Sou muito nostálgico, e como os videojogos fizeram parte da minha vida desde quase sempre, dar de caras com um pedaço da minha vida que julgava perdido, foi maravilhoso!