Noite, como deveria ser

A noite cada vez é menos noite. Cada vez mais clara. Cada vez mais dia.

Conseguem imaginar como seriam as noites há uns séculos atrás?

Noites sem luzes artificiais e sem poluição?

Noites sem a luz do poste que ilumina a rua, do placard luminoso de publicidade e até da luz do pequeno ecrã do telemóvel que constantemente tiramos do bolso. Noites sem a poluição do escape de milhões de veículos, das inúmeras fábricas e até dos aerossóis.

Milhões de nós já não conseguem ver a Via Láctea e, à medida que as luzes artificiais e a poluição vão aumentando, será cada vez menos os pontos brilhantes que iremos observar no céu nocturno a olho nú.

Parece que, quanto mais luz de noite existir, mais bonita a noite se torna. E isso não é totalmente verdade! Temos perdido um elo de fascinante beleza, que nos liga ao cosmos. Um elo que nos faz perceber que nós fazemos parte do Universo.

Thierry Cohen, um fotógrafo francês, mostra como seriam as noites, as verdadeiras noites, sem toda essa poluição visual.

© Thierry Cohen – Darkned Cities

Que admiráveis e assombrosas que seriam!

Talvez se perceba um pouco melhor porque razão os nossos antepassados tinham especial fascínio pelas estrelas e pelo céu nocturno.

Calvin disse uma vez ao seu melhor amigo Hobbes :

Se as pessoas se sentassem lá fora todas as noites e olhassem para as estrelas, aposto que viveriam de forma muito diferente! Quando olhas para o infinito, percebes que existem coisas mais importantes do que aquelas que as pessoas fazem todos os dias (tradução livre)

Meu amigo Calvin, são palavras sábias, mas é cada vez mais difícil ver as estrelas.